Artigos

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS CONTRADIÇÕES NA PRÁTICA.

Este artigo foi parte das exigências da Disciplina História e Filosofia da Educação, do curso Normal, sob supervisão do docente Adelmo Barreto, para a aprovação dos componentes na disciplina.


Alana Greice, 
Charles Oliveira, 
Clarice Silva, 
Isabelle Nasser, 
Laise Lopes, 
Nayra Santos.



Palavras Chaves: Educação Infantil, Teoria e Prática, Diretrizes Curriculares.

Introdução
As teorias que abrangem assuntos relacionados à educação são princípios encantadores, entretanto a realidade do cotidiano escolar não é influenciada totalmente por esses princípios que norteiam as atividades dentro das Creches e Pré-Escolas do nosso país.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil são um clássico exemplo do contraste exacerbado vivido na prática: a função Sociopolítica e Pedagógica da Educação Infantil, o currículo e a participação das famílias nas Creches e Pré-Escolas são realidades a serem discutidas.

A função Sociopolítica e Pedagógica da Educação Infantil

“A educação Infantil é parte integrante da Educação Básica, cujas finalidades são desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e estudos posteriores.” (DCN, p.84)

As contradições começam quando observamos a teoria e analisamos na prática das escolas, as atitudes incoerentes que elas têm tomado em relação aos educandos, como exemplo, fornecer-lhes a formação comum indispensável que é exigida na sociedade atual. Na função Sociopolítica, as escolas também devem assegurar a construção da identidade das crianças e inseri-las no âmbito social com suas devidas adequações. Racismo, preconceito e discriminação, são temas muito comuns e que devem ser abordados com as crianças. Esses tabus não são desconstruídos na escolae por isso, tem causado consequências nos adultos de hoje.
A cidadania, que é um dos tópicos assegurados nas Diretrizes para as crianças de 0 à 5 anos de idade, não tem sido desenvolvida adequadamente, nem a formação comum indispensável. Essa função significa que o Estado necessita assumir sua responsabilidade na educação da criança não só subjetivamente, mas coletivamente auxiliando as famílias na educação das crianças.
A democracia pode ser um assunto muito avançado quando associado à Educação Infantil. Esse tema, mesmo que complexo deve ser abordado e desenvolvido dentro de sala de aula e também é necessário para a construção da identidade da criança.
A democracia abordada nas Diretrizes e a abordada dentro das salas de aula são bem distintas. A democracia das Diretrizes é idealizada, já na prática a autoridade do professor é constante e os métodos tradicionais que insistem em perdurar nas salas de aulas, ainda, no século XXI, não faz com que a criança desenvolva sua democracia, sua opinião e suas críticas. Talvez esse método seja mais fácil e mais cômodo, pois assim, o professor não terá um confronto dentro de sala de aula.

A elaboração do Currículo das creches e pré-escolas

O currículo, na primeira etapa da educação básica, é tido como Proposta Pedagógica e tem uma grande relevância para a condução das práticas docente. É por essa razão, que o documento adota condições para a elaboração deste plano orientador, as quais podemos fragmentar e organizar em cinco etapas: o cuidar e o Educar,  o combate ao racismo e às discriminações, a valorização da cultura do entorno da Comunidade Escolar, o cuidado com a dignidade da criança e o atendimento ao direito da criança em sua integralidade.
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o ato de educar é indissociável do ato de cuidar. Sobre esta exigência, percebe-se que no contexto real da educação, por motivos históricos, ainda é muito distante. As creches são entendidas como depósito de crianças a serem somente cuidadas, substituindo as mães pelas professoras e quanto a educação, é completamente esquecida. Já na Pré-Escola, a situação é contrária. Os professores esquecem o cuidado, e enfocam apenas na educação de maneira equivocada.  As escolas, principalmente as privadas, fazem da Educação Infantil um pequeno quartel general, onde as crianças são limitadas.
O combate ao racismo e às discriminações são assuntos que devem ser presumidos nos currículos das instituições, contribuindo para a formação de adultos tolerantes em relação às diferenças. Essa é uma façanha inspiradora, no entanto não é o que acontece na realidade. As intervenções ocorrem de forma informal e oculta, não havendo uma sistematização para o processo que, posteriormente poderá refletir negativamente na sociedade.

“As instituições necessariamente precisam conhecer as culturas plurais que constituem o espaço da creche e da pré-escola, a riqueza das contribuições familiares e da comunidade, suas crenças e manifestações, e fortalecer formas de atendimento articuladas aos saberes e às especificidades étnicas, linguísticas, culturais e religiosas de cada comunidade.” (DCN, p.90)

A valorização da cultura do entorno das instituições de Educação Infantil também é alvo de constante incoerência quando se trata da realidade. O currículo, ou proposta pedagógica das creches e pré-escola devem prever metodologias que levem em consideração as experiências já vividas pelas crianças. O cuidado com a dignidade da criança e o atendimento ao direito da criança em sua integralidade também são temas que necessitam estar explícitos em um currículo para que as ações sejam sistematizadas.

A parceria com as famílias na Educação Infantil

Na teoria, os documentos nos mostram que a parceria com as famílias é indispensável, mas na prática percebemos que essa parceria é inexistente.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil dizem que é de suma importância a parceria com as famílias na Educação Infantil, essa parceria é necessária para obter um melhor desenvolvimento da criança, pois é na família que a criança tem os primeiros contatos afetivos e cognitivos e constrói sua forma de significar o mundo.
Para essa parceria dar certo, a escola deve considerar as diferentes formas de educação familiar e compreender os pais como participantes ativos do processo de ensino-aprendizagem.
Por conta de fatores socioculturais, como os métodos tradicionais que estão enraizados nos lares das famílias brasileiras, entendemos a discrepância entre a teoria e a prática.
A participação entendida pelos pais e responsáveis se distingue da participação proposta no documento. A transferência do conhecimento é a principal função da escola, segundo eles, deixando de lado a importância da família no processo de construção da identidade dos alunos.



Conclusão

Com base no que discutimos neste artigo, concluímos que as contradições entre a teoria e a prática, sob visão das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, não tem sido problematizada nos dias de hoje. As escolas devem fazer a intervenção e seguir não apenas de forma idealizadora, mas de forma prática o que está previsto no documento.

Referência

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS. Disponível em: <http://www.portal.mec.gov.br/index.php¿.> acesso em 16/11/2016.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1998. Disponível em<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> Acesso 12/11/2016.
SOUZA, Jacqueline Pereira de. A importância da família no processo de desenvolvimento da aprendizagem da criança. Disponível em: <http://www.apeoc.org.br/extra/artigos_cientificos/A_IMPORTANCIA_DA_FAMILIA_NO_PROCESSO_DE_DESENVOLVIMENTO_DA_APRENDIZAGEM_DA_CRIANCA.pdf > Acesso 11/11/2016.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos de. O currículo na Educação Infantil: O que se propõe as novas Diretrizes Nacionais. Disponível em: <http://www.http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-infantil-zilma-moraes/file>  Acesso 11/11/2016.